08 maio, 2006

Retratos originais de uma filosofia gráfica I


Sempre a mesma pele. Cansado. Transfigurado pela insónia de uma oportunidade esgotável que se repete como uma esfera de monotonia à qual me aprisiono voluntariamente. A brisa invade-me e presenteia-me com o odor renovável de um anúncio já fruído. E novamente anunciado. A grafia de uma vida, ou de várias vidas, ou de todas as vidas não é a metamorfose infinita com que se reveste no início do incauto processo.
É sempre a mesma grafia.
É sempre o mesmo odor.
Inesgotável ciclo que se perpetua, hostil e incontornável. A aprendizagem não decorre da memória, esgota-se nela! A experiência não fortifica o ensinamento, contrapõe-no! Haverá memória no tempo? Haverá experiência cujo tempo não impluda?Deus? Quem? Imagem idealizável do impossível e eterno esforço? A morte? Vencida repetidamente pelo berço novo? Não. O tempo. Que perenemente nos transporta ao cais do começo. que ocasionalmente nos embarca numa viagem cujo destino está pré-escrito.
Somos porque o somos obrigados a ser. A arte do tempo não tem nada de artístico, nem a sua ciência de científico. É imparável, é indiferente. É desumano. Desconhece hedonismo, despreza o transcendentismo.

1 comentário:

Anónimo disse...

e mata devagar, porque não somos nenhum deus nem, infelizmente, conseguimos controlar todos os pormenores daquilo a que estranhamente chamamos vida. a verdade é que nunca cá estivemos por nós...sempre para não prejudicar os outros.

estou farto de ser mártir de mim próprio...