18 maio, 2006

Retratos originais de uma filosofia gráfica (II)

Vivemos no limiar de uma autoridade autista. Um esforço incomportável de inalterância. Uma corda rotativa cuja magnitude de expansão supera a sua ausência de expressão. Uma corda infinita, cercada por vácuo. Uma continuidade onde se inscrevem os momentos inaudíveis a que chamamos passado, presente e futuro.
Mas onde estão esses lugares de contornos tão voláteis quanto a realidade instantânea com que se definem? O que é o presente? Acabou de passar? Está mesmo aqui à porta? E quantos passados já passados eram futuro? E quantos presentes são agora passados mas foram futuros num passado que era posterior a esse presente?Como que inadvertidamente, os vectores não são concebíveis em experiência verosímil. O repartir do tempo não encaixa numa definição conceptualíssima daquilo que ele próprio define. Não há compartimentos assimiláveis! Há constância de uma única variável! Não há tempos! Há tempo!
O fim e o princípio são as delimitações modificáveis dos vários momentos que nos atravessam, eles próprios em mutação. Fim e princípio co-existem em tudo. Mas não se aplicam ao tempo. Porque ele é soberano sobre todos os momentos! Porque ele é intocável nos seus aluicerces! Nada o condiciona, nada o rege! Não há fim que o silencie, nem princípio que o ilumine!

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