30 maio, 2006

Retratos originais de uma filosofia gráfica (III)

Transformo-me. Todos os dias. Não tenciono auferir de um conhecimento muito abrangente daquilo que me constitui. Quero saber movimentar-me, atingir a meta rápida de uma satisfação efémera. Perene é o que não sou. Tudo aquilo que não alcanço. Sou na verdade definido por aquilo que não faço, por aquilo que não sou, por tudo o que não vêem em mim. Porque esse eu que não se revela nem nunca revelará é a perenidade em mim. É aquilo que sempre me acompanhará.
Não invento novas personagens, sou uma multi-personagem eterna cuja construção inacabada é ela mesma o fim pelo qual me guio e chego a uma certeza em mim. Temo que o seja involuntariamente, ainda que tente sempre novas formas de me definir, essas tentativas são sempre díspares. E é essa diferença de esquemas a que me auto-inflinjo que me torna mutável. Perenemente mutável. Na verdade não quero um objectivo específico, apenas manter-me o que não sou, porque isso diz quem aqui dentro habita!

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