24 agosto, 2006

simplesmente, apeteceu-me...

Cansei de esperar pelo metro. A Trindade estava deserta e eu não compreendia o porquê! O ar estava tão denso que o conseguia sentir entre os dedos latejando de frio. Eram nove da manhã! Para onde tinha fugido a cidade? Resolvi saltar da plataforma para a linha e iniciei uma inesquecível caminhada na direcção da estação do Bolhão.

O túnel ia envolvendo aos poucos, sem se deixar perceber. Quando a consciência me despertou, todo ele era omnipresente. Pequenas lâmpadas esbranquiçadas, que não conseguiam estender a sua luz por mais do que três palmos de cimento, sucediam-se a intervalos regulares. Sem exibicionismos faziam-se perceber como os únicos elementos vivos daquele habitat inerte. Estuguei o passo. Continuei a descer! Subitamente um estrondo desviou-me atenção na direcção oposta e verifiquei que já não conseguia avistar a entrada do túnel. Quando retomei a marcha deparei-me com algo que me fez duvidar do realismo da minha existência. Cerca de cinquenta metros à frente, uma porção da escuridão ondulava, como quando olhamos para uma planície deserta a quarenta graus. Mas este pedaço da escuridão ondulava lentamente e, de repente, inverteu o movimento e rodou sobre si mesmo. Como roda a água num lavatório quando o destapamos. Mais propenso ao tenaz apetite de abraçar o desconhecido do que à trepidez do retrocesso, avancei. Ao avançar senti que... to be continued

Sem comentários: